iPhone 5, que chega às lojas na sexta-feira, é um dos mais buscados na categoria high end
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Apesar do maior endividamento do consumidor e de uma previsão de que ele será mais cauteloso em suas compras de Natal, o mercado de smartphones continuará sua trajetória de forte alta neste fim do ano e em 2013 no Brasil. Com previsão de crescimento contínuo de dois dígitos no curto prazo, o segmento de telefones inteligentes anima as fabricantes de aparelhos e também as operadoras móveis, de olho no aumento da oferta de pacotes de dados móveis e com a chegada do iPhone 5 no país na sexta-feira, dia 14.
Mas não apenas o produto da Apple – entre os mais caros do mercado – terá chance no mercado brasileiro. As faixas de celulares inteligentes mais simples também devem ter sucesso.
"O (mercado do) Brasil é tão grande que todas as faixas de smartphones têm grande potencial de mercado, até a faixa de high end (mais sofisticada) é muito interessante", disse o analista Fernando Belfort, da consultoria Frost & Sullivan. Segundo ele, para fabricantes e varejistas os smartphones mais simples (até R$ 500) ou de sofisticação média (na faixa de R$ 500 a R$ 1.000) são os dispositivos que mais podem colaborar em termos de receita, enquanto os aparelhos mais refinados (a partir de R$ 1.000) têm maiores margens.
A consultoria espera vendas de 15,5 milhões de smartphones no Brasil em 2012, alta de mais de 55% sobre o ano passado. Para 2013, o total deve chegar a 21,4 milhões de unidades.
"A venda total de celulares no Brasil responde por 37% dos vendidos na América Latina, seguidos de 21%no México. Mas só em smartphones, o Brasil responde por 31% e o México, 28% das vendas da América Latina", disse Elia. "Então o Brasil tem muito mercado para crescer", disse a analista Elia San Miguel, do Gartner.
Segundo Elia, o mercado total de celulares no Brasil deve somar 71,8 milhões de aparelhos em 2013, com smartphones compondo de 35% até quase 40% desse total – ou de 25 milhões a 28,7 milhões de unidades.
E quem compra smartphones vai querer utilizar o máximo possível de seus recursos, o que inclui acessar a Internet e baixar dados, com a contratação de pacotes de Internet móvel. "Apesar do esforço e da ginástica (das operadoras) para poder rentabilizar melhor a receita com voz, a maneira de rentabilizar as redes é trafego de SMS e de dados", afirmou ela.
Os dados mais recentes da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) mostram que das 259,3 milhões de linhas móveis em outubro, 59 milhões possuem conexão 3G – 23% do total.
4G
Apesar do entusiasmo das operadoras e até de alguns consumidores, a telefonia móvel de quarta geração (4G) – tecnologia embutida no iPhone 5, que chega nessa sexta-feira às lojas – não deve decolar em 2013, e vai pegar impulso apenas em 2014.
A falta de variedade de aparelhos com o padrão de tecnologia LTE, o preço caro desses dispositivos e a baixa abrangência geográfica das redes 4G devem restringir a demanda pelos serviços, que vão permitir velocidades de acesso móvel à Internet bastantes superiores às do 3G.
Além disso, o iPhone 5 não é compatível com a faixa de radiofrequência a partir de 2,5 gigahertz destinadas no Brasil para o 4G, o que deve limitar ainda mais essa demanda até a provável licitação planejada pelo governo da faixa de 700 megahertz (indicada por especialistas como a melhor).
Pelo cronograma estipulado no leilão realizado em meados do ano, as operadoras têm obrigação inicial de oferecer o 4G apenas nas cidades-sede da Copa das Confederações, aumentando a cobertura nacional gradualmente nos anos seguintes.
"De fato 2013 será bastante limitado para LTE, com apenas a Copa das Confederações", disse o diretor para América Latina e Caribe da 4G Americas, associação de prestadores de serviços e fabricantes de telecomunicações, Erasmo Rojas. "Já 2014 é a parte forte, incluindo para estrangeiros que vão chegar ao Brasil, e o aumento da quantidade de cidades com a Copa do Mundo, e também a concorrência vai aumentar em 2014, e os preços vão cair", acrescentou.
A 4G Americas trabalha com vendas estimadas de 300 mil aparelhos 4G LTE no Brasil em 2013, número que deve saltar a quase 4 milhões em 2014, disse Rojas, citando dados da empresa de pesquisa Informa.